Questionei-me diversas vezes sobre a verdadeira razão que me castra. Oscilei entre diversos apontamentos. Alguns deles, muitas vezes, me levaram a concluir que a minha barreira foi edificada sobre o medo de não ser levada a sério, de não ter (mais uma vez) os meus sentimentos respeitados e ainda o hábito que criei de acreditar que eu não tenho o direito de me chatear com as pessoas e de que tenho sempre que tentar entendê-las.
Vivo o conflito da busca incessante por EXIGIR que as pessoas sejam fiéis, sinceras e cordiais com os meus sentimentos e as minhas necessidades. Busco essas pessoas, possivelmente, porque acredito inconscientemente que as curando eu também conseguiria recuperar um pouco da lesão profunda que você me causou.
E apesar de todo esse medo, sei que trilho uma busca constante para curar-me de um segredo que já faz parte de mim, incrustado em minha pele, já não sei se saberei sobreviver sem ele. Tenho medo de não tê-lo mais por perto e assim ter que sair da minha casca para enfrentar o mundo, correndo o risco de ser rejeitada, avaliada, descartada e desconsiderada.
Sofri. E sofro por mexer nesse assunto, por revivê-lo sempre que conto, sofro porque esses episódios o tiraram de mim, sofro porque isso me impede de admirá-lo, mas não me impede de amá-lo, apesar de tudo. E sofro porque eu queria conseguir pelo menos me sentir digna de odiá-lo. O que eu sei, racionalmente, que não deveria.