Ela gostava mesmo era do (des)fantasiar-se. Zero interesse em dançar marchinhas e entorpece-se da felicidade clandestina que aquelas pessoas costumavam fingir. Ou sentir, o que era pior e causava mais ânsia. Seu único e exclusivo desejo era de se desavessar e ser contemplada. E de poder contemplar o desavesso dos outros.
Optava preferencialmente pela roupa de espanhola. Não sabia explicar o fascínio que sentia por aqueles vestidos curtos na frente e compridos atrás, em formato de calda em V. Nem do prazer que sentia em calçar aquelas sandálias pretas e mostrar o contorno das suas pernas. Podia abusar do batom mais vermelho e da maquiagem mais escura que ela conseguisse fazer nos olhos. O véu fúnebre preso ao coque e escorrendo pelas costas tornava-se indispensável, assim como o frisson em ser vista de verdade.
Deveriam, todos, buscar entender a mensagem que estava sendo vestida. Finalmente, vestida. E, então, se apaixonarem, como ela. Por uma noite de carnaval ou numa noite de carnaval? Já não sabia... O que sabia era do desejo de sentir aquele frêmito dos amores carnavalescos, por uma noite apenas - na qual era amada, finalmente, sem máscaras.
"Mas é carnaval, não me diga mais quem é você. Amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar..." (Chico Buarque)
7 comentários:
eu sempre tive um fascinio meio parecido com o carnaval... de poder ser apenas
beijos
carnaval = ilusão :\
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Sim! É fácil encontrar a carta. Depois eu te mando! ;]
É. Amar sem máscaras. Agir sem elas.
Apenas ser. O que se é.
Eu quero.
interessantíssimo...
se eu pudesse, estaria sempre fantasiada.
maravilhoso. gostei muito :]
acho que como o nome do seu blog eu estou mesmo 'propenso a fuugas'
Viajei no seu texto...mto bom!
Bjos!
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