sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Quem muito guarda, fica sem.




Mexe comigo aquele olhar que desata a roupa, aquele sorriso desconcertante e a gargalhada promíscua. Mexe comigo a testosterona impregnada nos traços faciais, os ombros largos, o queixo grosso, a boca macia e as sobrancelhas expressivas daquele arquear malicioso. É dos olhos escuros, do fogo na pele e dos homens que pegam o corpo, mas de fato, invadem a alma - que eu gosto. Precisa não ter medo de me usar. E que nesse esvaziar de desejos, me preencham o peito. Primordialmente.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Noite dos mascarados




Ela gostava mesmo era do (des)fantasiar-se. Zero interesse em dançar marchinhas e entorpece-se da felicidade clandestina que aquelas pessoas costumavam fingir. Ou sentir, o que era pior e causava mais ânsia. Seu único e exclusivo desejo era de se desavessar e ser contemplada. E de poder contemplar o desavesso dos outros.

Optava preferencialmente pela roupa de espanhola. Não sabia explicar o fascínio que sentia por aqueles vestidos curtos na frente e compridos atrás, em formato de calda em V. Nem do prazer que sentia em calçar aquelas sandálias pretas e mostrar o contorno das suas pernas. Podia abusar do batom mais vermelho e da maquiagem mais escura que ela conseguisse fazer nos olhos. O véu fúnebre preso ao coque e escorrendo pelas costas tornava-se indispensável, assim como o frisson em ser vista de verdade.

Deveriam, todos, buscar entender a mensagem que estava sendo vestida. Finalmente, vestida. E, então, se apaixonarem, como ela. Por uma noite de carnaval ou numa noite de carnaval? Já não sabia... O que sabia era do desejo de sentir aquele frêmito dos amores carnavalescos, por uma noite apenas - na qual era amada, finalmente, sem máscaras.


"Mas é carnaval, não me diga mais quem é você. Amanhã tudo volta ao normal, deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar..." (Chico Buarque)